quinta-feira, janeiro 29, 2009

Saiu-me melhor que a encomenda!

Na noite em que faço o outing à prima, vou ao teatro com os papás sem ler a sinopse da peça! E ainda bem!

Antes de continuar, só tenho de agradecer à prima!! Obrigada, obrigada!

Comecemos do início.

Foi a prima que convidou, eu convidei os papás e quando me sento na cadeira ao lado da Narizinha Senior:

- Pensei que a PB viesse, não veio porquê? (Hã??? Eu ouvi bem? Ela perguntou porque a namorada não veio? Ui, isto anda de vento em popa! Viva a Senior, que com a idade fica cada vez melhor!)


A peça começa (já conto sobre o que é), começo a sentir um certo desconforto e a pensar "mas porque tenho a mania de não saber ao que venho e ainda por cima trago os pais..."

No intervalo perguntei se estavam a gostar, com ar confiante e de sorriso de quem estava a adorar o que estava a ver.

Para meu espanto, vi na mummy uma resposta sincera de quem estava a gostar imenso! E o pai também!

O Segundo Acto é bem mais forte, bem mais específico. Muito bom.

No fim, depois de largar os pais, estava eu com a prima mais uns amigos dela e o meu outing foi automático!

Eu - Prima, obrigada! E ainda bem que trouxe os meus pais!!

Ela - Achas que gostaram? Não ficaram chocados?

Eu - Gostaram pois, eles gostam sempre, quando é com os outros...


Trocam-se olhares entre o grupo e ouve-se um Ahhhhhh pois!

Et voilá! Está feito o outing à prima em frente aos seus amigos!

Fomos a Alcântara deixar os seus amigos e ficámos por lá a beber um copo e a pôr a conversa em dia.

A caminho do carro, estamos perto do Maria Lisboa, explico-lhe o que é e o que está a acontecer.

Ela - Queres ir lá beber um copo?

Ahhhhhhhhhhhhhhh que mulher fantástica esta!

Eu - Na noite do meu outing, depois da peça, não te vou enfiar, logo na primeira noite, no mundo lésbico! Um dia destes!!


Acabámos a conversa à chuva e ainda levámos uns piropos duns fulanos que passavam por ali!

Muito bom, sim senhora, prima, és cinco estrelas!


Agora a peça:


Muito boa, recomendo vivamente!



TEATRO MUNICIPAL MIRITA CASIMIRO Cruzeiro- Monte Estoril


SÉTIMO CÉU


de Caryl Churchill


Interpretação JOÃO GROSSO,

FERNANDA LAPA,

LUÍS GASPAR,

MARTA LAPA,

AMADEUS NEVES,

SOFIA NICHOLSON,

SÉRGIO PRAIA


de QUARTA A SÁBADO ÀS 21.30 DOMINGO ÀS 16H. Maiores de 16 anos


O Primeiro Acto desenvolve-se em África, numa colónia britânica da época vitoriana.

Clive, o homem branco, impõe os seus ideais à família e aos indígenas: a Betty, sua mulher (interpretada por um actor, porque ela quer ser o que os homens querem que ela seja); a Joshua, o criado preto (interpretado por um branco pela mesma razão); a Edward, o seu filho de oito anos a quem tenta impor um comportamento masculino (e por isso interpretado por uma mulher).
Estabelecendo um paralelismo entre opressão colonial e opressão sexual, Caryl Churchill faz com que Betty, “a esposa submissa”, se atire literalmente ao melhor amigo do seu marido, Harry. Este, um homossexual não assumido, tem relações sexuais com o criado e desperta e em Edward, o filho de Clive, as suas pulsões homossexuais.
Ellen, a governanta, revela que a sua devoção pela patroa não é uma questão de obrigação contratual, mas de atracção erótica. Clive, que tem uma relação secreta com Miss Saunders (a viúva independente) esforça-se por manter o mundo tal como quer continuar a vê-lo.


No Segundo Acto, saltamos cem anos embora nos seja pedido aceitar a convenção de que as personagens que vimos no Primeiro Acto só tenham envelhecido cinte e cinco. A acção desenrola-se num parque em Londres. Betty (agora interpretado por uma actriz) é uma mulher de meia-idade. Libertou-se do marido opressivo e está em pleno processo de divórcio. A filha, Vitória, (que no Primeiro Acto era representada por uma boneca) é casada com Martin, o protótipo do marido “liberal”. O filho Edward (agora interpretado por um actor) é um “gay” que vive com o namorado, Gerry, uma relação dolorosa.

Mantendo essencialmente as mesmas personagens, colocadas ostensivamente num mundo diferente, Caryl Churchill demonstra-nos como, acabada a repressão política e os tabus sexuais, a mentalidade subjacente à estrutura familiar pouco se alterou.


Fabuloso!

Mais aqui.

3 comentários:

Paula Baltazar Martins disse...

Parabéns pela prima fantástica.
A primeira pessoa na família a que revelei, também foi à minha prima que soltou um alegre "Que fixe! Tenho uma prima gay!" Fiquei a pensar se era um elogio, mas a verdade é que sempre encarou com a maior das naturalidades.
Quanto à peça, fiquei bastante curiosa, parece uma boa proposta.

rSchmidt disse...

Tivesse eu uma família dessas!!
Congrats!

Anónimo disse...

lol, Não podia ser melhor esse outing ;)