Na noite em que faço o outing à prima, vou ao teatro com os papás sem ler a sinopse da peça! E ainda bem!
Antes de continuar, só tenho de agradecer à prima!! Obrigada, obrigada!
Comecemos do início.
Foi a prima que convidou, eu convidei os papás e quando me sento na cadeira ao lado da Narizinha Senior:
- Pensei que a PB viesse, não veio porquê? (Hã??? Eu ouvi bem? Ela perguntou porque a namorada não veio? Ui, isto anda de vento em popa! Viva a Senior, que com a idade fica cada vez melhor!)
A peça começa (já conto sobre o que é), começo a sentir um certo desconforto e a pensar "mas porque tenho a mania de não saber ao que venho e ainda por cima trago os pais..."
No intervalo perguntei se estavam a gostar, com ar confiante e de sorriso de quem estava a adorar o que estava a ver.
Para meu espanto, vi na mummy uma resposta sincera de quem estava a gostar imenso! E o pai também!
O Segundo Acto é bem mais forte, bem mais específico. Muito bom.
No fim, depois de largar os pais, estava eu com a prima mais uns amigos dela e o meu outing foi automático!
Eu - Prima, obrigada! E ainda bem que trouxe os meus pais!!
Ela - Achas que gostaram? Não ficaram chocados?
Eu - Gostaram pois, eles gostam sempre, quando é com os outros...
Trocam-se olhares entre o grupo e ouve-se um Ahhhhhh pois!
Et voilá! Está feito o outing à prima em frente aos seus amigos!
Fomos a Alcântara deixar os seus amigos e ficámos por lá a beber um copo e a pôr a conversa em dia.
A caminho do carro, estamos perto do Maria Lisboa, explico-lhe o que é e o que está a acontecer.
Ela - Queres ir lá beber um copo?
Ahhhhhhhhhhhhhhh que mulher fantástica esta!
Eu - Na noite do meu outing, depois da peça, não te vou enfiar, logo na primeira noite, no mundo lésbico! Um dia destes!!
Acabámos a conversa à chuva e ainda levámos uns piropos duns fulanos que passavam por ali!
Muito bom, sim senhora, prima, és cinco estrelas!
Agora a peça:
Muito boa, recomendo vivamente!
TEATRO MUNICIPAL MIRITA CASIMIRO Cruzeiro- Monte Estoril
SÉTIMO CÉU
de Caryl Churchill
Interpretação JOÃO GROSSO,
FERNANDA LAPA,
LUÍS GASPAR,
MARTA LAPA,
AMADEUS NEVES,
SOFIA NICHOLSON,
SÉRGIO PRAIA
de QUARTA A SÁBADO ÀS 21.30 DOMINGO ÀS 16H. Maiores de 16 anos
O Primeiro Acto desenvolve-se em África, numa colónia britânica da época vitoriana.
Clive, o homem branco, impõe os seus ideais à família e aos indígenas: a Betty, sua mulher (interpretada por um actor, porque ela quer ser o que os homens querem que ela seja); a Joshua, o criado preto (interpretado por um branco pela mesma razão); a Edward, o seu filho de oito anos a quem tenta impor um comportamento masculino (e por isso interpretado por uma mulher).
Estabelecendo um paralelismo entre opressão colonial e opressão sexual, Caryl Churchill faz com que Betty, “a esposa submissa”, se atire literalmente ao melhor amigo do seu marido, Harry. Este, um homossexual não assumido, tem relações sexuais com o criado e desperta e em Edward, o filho de Clive, as suas pulsões homossexuais.
Ellen, a governanta, revela que a sua devoção pela patroa não é uma questão de obrigação contratual, mas de atracção erótica. Clive, que tem uma relação secreta com Miss Saunders (a viúva independente) esforça-se por manter o mundo tal como quer continuar a vê-lo.
Estabelecendo um paralelismo entre opressão colonial e opressão sexual, Caryl Churchill faz com que Betty, “a esposa submissa”, se atire literalmente ao melhor amigo do seu marido, Harry. Este, um homossexual não assumido, tem relações sexuais com o criado e desperta e em Edward, o filho de Clive, as suas pulsões homossexuais.
Ellen, a governanta, revela que a sua devoção pela patroa não é uma questão de obrigação contratual, mas de atracção erótica. Clive, que tem uma relação secreta com Miss Saunders (a viúva independente) esforça-se por manter o mundo tal como quer continuar a vê-lo.
No Segundo Acto, saltamos cem anos embora nos seja pedido aceitar a convenção de que as personagens que vimos no Primeiro Acto só tenham envelhecido cinte e cinco. A acção desenrola-se num parque em Londres. Betty (agora interpretado por uma actriz) é uma mulher de meia-idade. Libertou-se do marido opressivo e está em pleno processo de divórcio. A filha, Vitória, (que no Primeiro Acto era representada por uma boneca) é casada com Martin, o protótipo do marido “liberal”. O filho Edward (agora interpretado por um actor) é um “gay” que vive com o namorado, Gerry, uma relação dolorosa.
Mantendo essencialmente as mesmas personagens, colocadas ostensivamente num mundo diferente, Caryl Churchill demonstra-nos como, acabada a repressão política e os tabus sexuais, a mentalidade subjacente à estrutura familiar pouco se alterou.
Mantendo essencialmente as mesmas personagens, colocadas ostensivamente num mundo diferente, Caryl Churchill demonstra-nos como, acabada a repressão política e os tabus sexuais, a mentalidade subjacente à estrutura familiar pouco se alterou.
Fabuloso!
Mais aqui.
3 comentários:
Parabéns pela prima fantástica.
A primeira pessoa na família a que revelei, também foi à minha prima que soltou um alegre "Que fixe! Tenho uma prima gay!" Fiquei a pensar se era um elogio, mas a verdade é que sempre encarou com a maior das naturalidades.
Quanto à peça, fiquei bastante curiosa, parece uma boa proposta.
Tivesse eu uma família dessas!!
Congrats!
lol, Não podia ser melhor esse outing ;)
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